sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Momentos


Difíceis! São estes os momentos da minha vida.Custam a passar, mas deixam-me na alma um doce sabor, pois sei que, apesar de difíceis, são estes momentos que me fazem sentir cheia de vontade de correr e ir mais além, lutando sempre! Não é fácil, não existem fórmulas mágicas. Cintila no meu íntimo um véu translucido que anuncia uma realidade dissimulada por esta audaz vontade de vencer.
Três dias após a terceira sessão de quimioterapia e sinto em mim um já insuportável cansaço deste permanente cansaço, desta cruel doença que se instalou na minha vida, que me aprisionou e que sei que mesmo com muita vontade de correr e ir mais além, ficarei para para sempre com uma cicatriz na alma, apesar da ferida no meu corpo sarar. Estou ansiosa pela chegada da Primavera, para ser operada, para que tudo termine. Ingenuidade minha, puro engano meu. Vou precisar de tonificar permanentemente as minhas forças, todos os dias da minha vida, para poder continuar docemente o meu caminho. Sei que vou conseguir com minha força de espírito, com o meu equilíbrio emocional, com o carinho da minha família e dos meus amigos, com os constantes elogios que recebo, de rostos desconhecidos, sobre a minha postura tão positiva em relação à doença. Revelo em mim uma "naif" que agora dotada de uma ávida lucidez vai aos poucos esbarrando com a realidade da doença.



2012 Ano Novo que estás prestes a chegar!

Quero iniciar o Novo Ano com estes sentimentos bem presentes na alma,  encenando a dura realidade dos atos vividos neste genuíno palco da vida!

Desafio todos a um doce brinde para derrubar as dificuldades do Novo Ano que está para chegar!

Que em 2012 consigamos correr e chegar mais além!

Que tenhamos a habilidade de tornar fortes os momentos mais frágeis!

São estes os mais puros e singelos votos que desejo a todos. Aproveito também para vos recordar que é imperativo uma boa noite de Passagem de Ano com uma boa dose de alegria,  divertimento, boa disposição e um, à partida já absolvido, excesso!!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A Estrela de Natal

Os meus votos de Natal aos meus Amigos, Família e Todos que se cruzam no meu caminho!

Segundo a tradição, a Estrela de Belém guiou os Reis Magos, durante vários dias, desde o Oriente até ao local onde irradiado por luz, alegria e amor, 
Jesus nasceu. 

Que a Estrela do Natal, ilumine os nossos corações, durante todo o ano, e nos guie pela estrada da alegria com a força do amor. Que sejamos capazes de chegar ao nosso destino, contagiando todos os que se cruzam no nosso caminho com a Alegria de uma doce melodia de Amor.

Feliz Natal 2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A cestinha da Amizade

Sempre adorei receber visitas, sinto sempre uma maravilhosa sensação de bem-estar e conforto, a alma perfumada e revigorada com o doce aroma da Amizade. No Domingo tive a alegria de desfrutar de um desses grandes prazeres da vida. A minha pequena casa encheu-se de risos e tropelias de crianças, entre o quartinho do Afonso e a sala foram muitas as perseguições ao cão e ao urso, foram alegres e cheias de vida as cantorias que tanto nos divertiram. As singelas e brancas paredes da minha modesta sala ficaram coloridas nos tons  do doce convívio da Amizade.  
Trouxeram-me mimos, sorrisos e uma cestinha. Uma cestinha cheia de Amizade. Emocionada e diria até nostálgica recebi da cestinha da Amizade, recheada pelas minhas doces amigas do Porto, carinho, muitos sorrisos e presentinhos.  
Por mais palavras que escreva não vou conseguir exprimir as emoções que vivi nas, paradoxalmente curtas e cheias, horas deste dia, que me abarrotaram a alma com a singular alegria de receber o carinho da Amizade, de tão especiais e queridos Amigos. 
É em pequenos grandes momentos como este que eu descubro as armas mais poderosas para lutar contra esta cruel doença que se instalou confortavelmente na minha vida. Luta desigual, mas com a ajuda dos meus amigos, eu vou Vencer!


Angelina, Tó, Mariana, Virginia, Rui, Rodrigo, 
Tatiana, Rosa, Luisinha, Silvia, Leonor, Rafaela, 
Rui Avelar, Teresa, Margarida, Susana

ADORO-VOS!



quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

The SCAR Project

"PORQUE O CANCRO DE MAMA NÃO É UMA FITINHA COR-DE-ROSA"
David Jay, criou o projecto Surviving Cancer, Absolute Reality (Sobrevivendo ao Cancro, Realidade Absoluta), conceito resumido no termo Inglês para cicatriz, SCAR. A exposição reúne cerca de 30 retratos de mulheres entre 18 e 35 anos, que revelam em seminudez as marcas deixadas pela remoção das glândulas mamárias.

Mais do que um meio de consciencialização pela prevenção, as imagens arrebatadoras são um canal de expressão e auto-celebração do orgulho que as mulheres retratadas carregam pela resistência: "para estas mulheres, serem fotografadas representa uma vitória pessoal sobre uma doença terrível", afirma David. "As imagens ajudam-nas a reconquistar a sua feminilidade, sexualidade, identidade e poder após serem roubadas de uma importante parte delas mesma", explica.
As fotos misturam olhares fortes e leveza de espírito de quem já venceu  a dura Batalha!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Na agonia da doença



O que sinto na alma não se espelha nas palavras que verbalizo. 
O que sinto na alma ganha vida nos apertados gritos mudos que se engrandecem espontaneamente.
Carrego em mim a  insustentável leveza da agonia que teima em atormentar os meus dias, que dá luz aos meus suspiros e que procura desesperadamente conforto no meu espírito
Traída pelo forte abraço da doença, que fria e impiedosamente me mantém refém, refuto com um grito silencioso. Sinto-te a deambular pela minha alma, tentando firmar  raízes como quem crava estacas. Seduzes-me com uma coroa de espinhos, mas eu, com um toque mágico transformo-a num elegante chapéu florido e caminho pela doce verdura da manhã, evocando as musas e cantando a vida. 
No meu doce e árduo caminho, vou parando e desafio-te para comemoramos a vida, numa valsa rodopiante brindo ao Amor, com Força, com Coragem, com Esperança. E tu, não aguentas a dança da Vida!… enfadada, padeces no chão! Eu continuo o meu caminho. cantando o hino da Vida com alegria e emoção.
Gelas-me o corpo, mas não a alma!

sábado, 10 de dezembro de 2011

Luz, Alegria e Vida!

Permanece Luzinha de Natal que cheia de Alegria iluminas as nossas Vidas. Aquece todo o ano os nossos Corações com o doce Espírito de Natal enquanto a Esperança  renasce para a Paz e o Amor.   



Luz!

Alegria!

Vida!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O carrossel deu mais uma volta!

Cheguei ao Hospital pelas 10h00 da manhã, terça-feira, dia 6 de Dezembro, para a tão ansiada 2.ª sessão de quimioterapia. Na véspera fiz as análises de rotina e a consulta de oncologia. Estava tudo bem com os valores das análises, e a boa surpresa, a minha massa tinha diminuído bastante com a 1.ª sessão.  A doce Inês, a dedicada enfermeira, recebeu-me mais uma vez com o seu meigo sorriso. Na partilha das conversas que mantivemos, durante as visitas que me fez ao longo das três horas que passei naquele acolhedor quartinho, fez-me sentir como se eu fosse a única paciente. Lembrava-se de cada desabafo meu da anterior sessão, ocorrida à 3 semanas atrás, como se tivesse acontecido na véspera. 
O meu anjinho, que me acompanhou, na minha tão temida, primeira sessão de quimioterapia, também lá estava, sentadinho ao meu lado, estendeu-me a sua mãozinha. Juntos, demos o passeio no carrossel colorido e luminoso. 
Carrossel de emoções que transportas a minha alma para uma vale encantado, rebolo no imenso campo florido, absorvo todos os aromas da natureza, sinto o singelo canto do rouxinol e a doce fragrância da brisa matinal... Mal dou por mim e a viagem de carrossel terminou! 
A realidade silenciou a minha fantasia! O caminho a percorrer ainda é longo!
Sai do hospital, depois das calorosas despedidas com sentidos votos de feliz Natal, visivelmente cansada e ligeiramente enjoada. Rapidamente ordenei ao meu cérebro que emitisse uma ordem ao meu corpo: cansaço aguento, enjoo não, não e não! Sempre acreditei que o poder da mente é superior.... e desta vez não me deixou ficar mal. Depois de uma revigorada noite de sono, acordei sentindo uma doce e fatigante energia!   
Doce cansaço que permaneces em mim pelo combate feroz que travas com o inimigo, tornas os meus dias mais serenos e tranquilos, com uma revigorada esperança num Final Feliz!



domingo, 4 de dezembro de 2011

"mãe, faça o que o seu coração mandar..."



Sábias e verdadeiras, as palavras do Dr. Manuel Oliveira, pediatra do Afonso, quando o questionei sobre as sucessivas noites que o Afonso acordava de noite, por volta das 4h00 da manhã, a reclamar por um biberon de leite, e já tinha mais de 1 aninho... 
A propósito da queda dos cabelos, muitas opiniões ouvi, a maioria de que devia usar uma peruca, por causa do menino. Certo, porém nunca me consegui imaginar de peruca, para mim foi ponto assente, desde o inicio, perucas não! 
Na preocupação da reacção do meu menino, esqueci a dor de ficar sem cabelo e fui traçando cenários encantados imaginários, para atenuar docemente os sentimentos. 
Já não podia passar de hoje, as dores do couro cabeludo já gritavam mais alto, o cabelo como que mais pesado que os galhos caía como as folhas no Outono, já não me pertenciam!
Com a mesma sensatez das palavras do pediatra e seguindo o meu coração, resolvi que o Afonso devia participar no corte radical do meu cabelo, como se de um conto de histórias se tratasse. Foi tão engraçado! Disse-lhe que íamos brincar aos cabeleireiros, disse-lhe que ia cortar o cabelo, para ele ir chamar o pai, para brincarmos os três. 
- Vês meu amor, que divertido, o papá corta o cabelo à mamã.
- Queres ajudar o papá a cortar o cabelo da mãe? - Foi com um doce sorriso que prontamente disse que sim.
- Que giro brincar aos cabeleireiros. Vai buscar o banquinho pequenino para a mãe se sentar.
Dei-lhe a tesourinha dele e entusiasmado com uma canção a acompanhar " tic-tic"  "tic-tic", o faz de conta ganhou vida e felizes cumprimos a tarefa. Pente três, um bom par de lenços e gorros, e vou aquecer e colorir a minha cabeça durante os próximos meses. O Afonso adorou os chapéus da mamã.  Ao sabor da inocência de uma criança, tornam-se mágicos e cheios de ternura, os momentos mais difíceis e cruéis.