quarta-feira, 23 de maio de 2012

Superando desafios

Esta foto foi gentilmente cedida pelo seu autor. Evandro Franco
http://evandrofranco-photography.blogspot.com.br/

Neste campo de batalha, para o qual fui atirada sem direito a questionar, tenho vindo a derrubar muralhas e a construir pontes. Derrubei o medo, a tristeza, a incerteza e a dúvida. Conquistei a coragem, a força, a alegria e a esperança. Aprendi a viver um dia de cada vez, a superar os desafios, que diariamente me foram colocados no caminho. Os pequeninos e os grandes. O meu maior e mais doloroso desafio foi a recuperação da mastectomia. O braço embaraçou, os músculos ou no que restou deles, padeceram de dores brutais, que se ressentiam ao mais ligeiro toque. Vestir uma blusa ou uma camisola tornou-se um gesto negado.  Por o lenço na cabeça, uma verdadeira odisseia. Dormir? ... só de barriga para cima. Até o cotovelo se retraiu, impedindo o braço de se esticar. Ao fim de 3 semanas da operação, ainda longe de ver qualquer sinal de melhoria, por imposição do destino - O Rui, integrou a Força de Reacção Imediata, e partiu rumo à Guiné. Fiquei eu, com o meu embaraçado braço, o meu doce Afonso e uma recuperação ainda longe de ser um capitulo encerrado. Contei sempre com o apoio da família, dos amigos e até das vizinhas (que só as conheço à cerca de 3 anos) que tão genuinamente se ofereceram para me ajudar em tudo o que precisasse, com o menino, com as compras, com a casa... Foi muito bom saber que apesar de ser só eu e o Afonso aqui em casa, não estávamos sozinhos, de maneira nenhuma.   
Comecei a fisioterapia e também a conduzir, para abrir o vidro lá tinha que ir o braço direito, o esquerdo apesar de estar ali ao lado, não chegava ao botão, tal era o estado do desgraçado!
Ao fim de 5 cinco dias de fisioterapia e algum sofrimento suplementar, comecei a notar a diferença e a ganhar confiança. Hoje, tenho a certeza que o que me aconteceu ao braço, em parte foi falta de confiança e medo de força-lo. Depois mais uma semana, ... e outra. As dores atenuaram, o braço esticou e já mexe, já balança quando ando. Entretanto, o Rui regressou, após um mês da partida. Hoje, passados praticamente 2 meses da operação, faz precisamente dia 26 de Maio, sinto que o braço ainda não é o que era, o meu conforto também não, a minha qualidade de vida também não. Mas o que vivi nestes dois últimos meses, ensinou-me a ser ainda mais paciente, a viver um dia de cada vez mas sobretudo a superar os desafios, conquistando o que há partida se apelidava de impossível.

A caminho...



...de mais uma sessão de radioterapia, 17.ª de 25! No regresso conto novidades!