domingo, 4 de dezembro de 2011

"mãe, faça o que o seu coração mandar..."



Sábias e verdadeiras, as palavras do Dr. Manuel Oliveira, pediatra do Afonso, quando o questionei sobre as sucessivas noites que o Afonso acordava de noite, por volta das 4h00 da manhã, a reclamar por um biberon de leite, e já tinha mais de 1 aninho... 
A propósito da queda dos cabelos, muitas opiniões ouvi, a maioria de que devia usar uma peruca, por causa do menino. Certo, porém nunca me consegui imaginar de peruca, para mim foi ponto assente, desde o inicio, perucas não! 
Na preocupação da reacção do meu menino, esqueci a dor de ficar sem cabelo e fui traçando cenários encantados imaginários, para atenuar docemente os sentimentos. 
Já não podia passar de hoje, as dores do couro cabeludo já gritavam mais alto, o cabelo como que mais pesado que os galhos caía como as folhas no Outono, já não me pertenciam!
Com a mesma sensatez das palavras do pediatra e seguindo o meu coração, resolvi que o Afonso devia participar no corte radical do meu cabelo, como se de um conto de histórias se tratasse. Foi tão engraçado! Disse-lhe que íamos brincar aos cabeleireiros, disse-lhe que ia cortar o cabelo, para ele ir chamar o pai, para brincarmos os três. 
- Vês meu amor, que divertido, o papá corta o cabelo à mamã.
- Queres ajudar o papá a cortar o cabelo da mãe? - Foi com um doce sorriso que prontamente disse que sim.
- Que giro brincar aos cabeleireiros. Vai buscar o banquinho pequenino para a mãe se sentar.
Dei-lhe a tesourinha dele e entusiasmado com uma canção a acompanhar " tic-tic"  "tic-tic", o faz de conta ganhou vida e felizes cumprimos a tarefa. Pente três, um bom par de lenços e gorros, e vou aquecer e colorir a minha cabeça durante os próximos meses. O Afonso adorou os chapéus da mamã.  Ao sabor da inocência de uma criança, tornam-se mágicos e cheios de ternura, os momentos mais difíceis e cruéis. 
  

6 comentários:

  1. Olá Paula,

    Sou a Laura do Gang da mama, já há uns anos largos que acompanho mulheres que tiveram cancro de mama, este gang foi criado por algumas delas para falarmos de coisas sérias que nos dizem respeito, mas sobretudo da maneira mais ligeira possível. Podemos desabafar, é um grupo privado, mas não própriamente um muro de lamentações. Paula eu não tive cancro mas fui muitos anos voluntária no IPO do Porto. Um abraço e faço votos que te sintas bem no meio de nós.

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  2. Olá Laura,
    Obrigada pela mensagem. Ainda caloirinha no Gang da Mama, mas já me sinto em casa. É saudável e contagiante o ar que se respira.

    Um beijinho

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  3. olá Paula. Que rica ideia. Fazer o Filhote participar, e fazer disso um momento especial pela positiva. bjs

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  4. Olá Paula, então já te pescaram para o Gang da mama... bem vinda!
    Que ideia tão bonita, partilhares com o teu filho uma realidade tão dolorosa!
    Gostei de te ver no meu blogue! beijinho grande.
    Alda

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  5. Olá Alda, é verdade, foi a Claudia V que me falou do Gang e lá me embuti, fui muito bem recebida e estou a adorar a experiência da partilha. O teu blog é lindo e também já andei a ver os outros,adorei, por vezes não tenho tanto tempo como gostaria para poder dedicar a estas novas amigas de quem não conheço o rosto mas que sinto que são verdadeiras, como é o teu caso Alda, jamais me vou esquecer de ti, foste a primeira das amigas que não conheço o rosto que partilha a mesma dor, que me escreveu uma mensagem tão calorosa e sincera, posso nunca te conhecer pessoalmente, mas vais estar para sempre no meu coração, disto tenho a certeza.
    Um beijinho muito grande!

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  6. Olá, Paula!
    Cá vim dar, finalmente, ao teu doce aroma primaveril, que já confirmei ser mesmo doce e mesmo primaveril.
    Adorei o modo como partilhaste o corte do cabelo com o teu Afonso e o pai. Foi de um modo semelhante ao teu que eu agi. Os meus quatro piolhos foram fotógrafos, nesse dia, e fizeram uma reportagem do meu cabelo a diminuir. A cabeleireira fui eu própria, pois já é costume cá em casa. Tenho cortado o cabelo a toda a gente, enquanto me deixam. E vou sempre fazendo acertos no meu. Nesse dia, fui devagarinho, com a tesoura, para brincarmos às reportagens, e acabei com o pente zero. A seguir, o meu marido cortou o dele com o pente 4 e pediu-me para lhe fazer um P (de Pedro) com pente zero. E após o registo fotográfico do P, eu cortei-lhe o resto com o zero, ao que se seguiu o barbear do couro cabeludo. Senti uma lágrima de cumplicidade na adversidade, no momento em que nos vi carecas. Mas nada de dramas, a vida a seguir em frente...
    Nesse dia, já tinha uma peruca para usar e fiz também algumas fotos com ela, mas só saí com ela posta uma vez, no dia seguinte. A partir daí, usei sempre boinas ou carapuços e em casa andei sempre carequinha.
    Confesso que a carecada foi o que menos me custou neste processo todo. Aliás, até achei piada, e, pela primeira vez na vida, passei muitos meses sem ter qualquer trabalho com o cabelo, o que considerei um aspeto bem agradável.

    Beijinhos, nova ganguinha (do Gang da Mama), agora que eu de lá saí.
    Aproveita bem as experiências das meninas. Aprendi muito com muitas delas, apesar de as ter encontrado já muito tarde.

    *___*

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