quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Mamas! ...para que vos quero?

Os doces seios. Símbolo de feminilidade, seja quando evoca a mulher como fonte de vida e alimento, seja quando a evoca como fonte de prazer, afecto e aconchego. Os meus doces seios, talvez porque nunca os adorei, indignaram-se. Indignaram-se e traíram-me. Os mesmos que se negaram a colorir a minha feminilidade, tímidos nunca ganharam cor nem forma. Os mesmos que quando invocados à vida se retraíram, teimosos negaram alimentar. Sem mais vontade ignorei-os. Privada de resposta, questionei. Mamas? ...para que vos quero?. Em vagos pensamentos considerei que, um dia, poderia, com o poder do bisturi, restituir-lhes a cor e forma, livra-los da sua timidez e teimosia. Mas os meus tímidos e teimosos seios, talvez cansados da sua futilidade, refutaram. Agora, mais unidos do que nunca e em pura harmonia, enfrentamos juntos o inimigo com a indubitável certeza de que na Primavera será cumprido o desígnio. Num corte incisivo, o poderoso bisturi dará o golpe e ficaremos livres. No teu vazio vou plantar uma flor que vai florir, colorir e dar forma ao meu peito. Para trás, vou deixar a doce recordação dos seios que desde sempre se recusaram a ser um símbolo de feminilidade. 


2 comentários:

  1. Paulinha, custa como o raio (perdoa-me a expressão!) aceitar que podemos ser tudo sem mamas ou com mamas melhor ou mais grosseiramente esculpidas por mãos humanas... Como o raio! Mas a verdade é essa e não outra. As maminhas que vimos crescer em nós e transformar-se no nosso corpo enquanto geramos as nossas crianças haviam de ser âncoras de feminilidade, pois haviam, concordo contigo. Mas elas estão-se nas tintas para o que deviam fazer por nós e acabam por fazer cumprir-se a consumação da nossa fragilidade, claudicando em primeiro lugar...
    "Para que as queremos", mamas dum raio?! Se é para serem fracas..., para nada! Que é o que muita gente faz connosco próprias. Aproximam-se, quando estamos bem e de nada precisamos; afastam-se, quando estamos em baixo, vulneráveis e não podemos ajudar... Nos momentos de maior fragilidade dos nossos seres, o mundo olha para nós sem interesse! E eu já penso e ajo assim em relação às minhas mamas. Quero lá saber delas enquanto tal! Eu já só quero voltar a viver sem dores!
    Desculpa o desabafo. Desejo-te a maior das sortes e um espírito sempre positivo.
    Beijos Grandes

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  2. Guida, minha querida,

    São nestes desabafos que eu me encontro e por vezes posiciono o meu pensamento e maneira de estar em relação a esta doença. Estas mamas para além de não me terem servido para nada ao longo da minha vida, também resolveram atrapalhar num momento complicado. Desempregada e com o objectivo de em Setembro tentar agarrar o mercado de trabalho, deparo-me com esta surpresa. Pois como dizes, neste momento de fragilidade, o mundo que eu queria e precisava de abraçar, olha para mim sem interesse!
    Um grande beijinho e mantém viva a esperança.

    P.S.: quero continuar a ouvir os teus desabafos!

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